sexta-feira, 16 de julho de 2010

INVISÍVEIS, MAS NÃO AUSENTES

A VIDA DEPOIS DA VIDA

A morte não é o fim de tudo.
Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra.
Na morte o homem acaba, e a alma começa.
Que digam esses que atravessaram a hora fúnebre, a última alegria a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?
Eu sou uma alma.
Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser.
O que constitui o meu eu, irá além.
O homem é um prisioneiro.
O prisioneiro escala penosamente os muros de sua masmorra, coloca o pé em todas as saliências e sobe até o respiradouro.
Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem.
O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade.
Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?
Porque não possuirá ele um corpo subtil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?
A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo.
É por demais pesado para esta terra.
O mundo luminoso é o mundo invisível.
O mundo luminoso é o que não vemos.
Os nossos olhos carnais só vêem a noite.
A morte é uma mudança de vestimenta.
A alma, que estava vestida de sombra vai ser vestida de luz.
Na morte o homem fica sendo imortal.
A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a Terra, pelo que faz nela.
A morte é uma continuação. Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade.
As almas passam de uma esfera para a outra, tornando-se cada vez mais luz, aproximando-se cada vez mais de Deus.
O ponto de reunião é o infinito.
Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.
Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito.

VICTOR HUGO

2 comentários:

André Luis disse...

Como sempre, tem bom gosto.

André Luis disse...

Estou aqui para visitar seu blog, novamente.